14.4.09

Carlinhos Antunes e o desafio de ser um músico independente

Carlinhos Antunes tocador de violão, viola, charango, cuatro, ngoni e percussões variadas, compositor, arranjador e intérprete. Músico versátil com uma bagagem muito grande, viajante e experimentalista de culturas musicais diversas. Já atuou no Marrocos, Peru, Nicarágua, Holanda, Cuba, França, Inglaterra, Grécia, Itália, 
Espanha, Turquia e Croácia, além de suas passagens por países africanos. Recentemente lançou um filme “Sete Dias em Burkina” e vem se apresentando com a Orquestra Mundana. 

Músico experiente, historiador pela PUC de São Paulo, já atuou com grandes nomes da música entre eles Adoniran Barbosa, Jair Rodrigues, Badi Assad, Paul Winter, Grupo Ron Bengale da Romênia e muitos outros. Carlinhos também apresenta o programa Axis que vai ao ar pela rádio Brasil 2000 Fm onde veicula o melhor da música do mundo.

Antunes vem fazendo um trabalho de pesquisa de músicas de várias culturas mesclando tais influências com a música brasileira. Para uma pequena amostra do pensamento deste grande músico apresento um trecho de nossa entrevista concedida em 22/03/2003 em sua residência em Perdizes, São Paulo:

Eu: Carlinhos eu gostaria que você começasse falando sobre sua relação com o choro?
Carlinhos Antunes: A maior escola brasileira, a nossa escola mais forte, é a escola do choro que passa no violão, por exemplo, Garoto, João Pernambuco, depois Pixinguinha, que aí você tem piano, flauta, violão, percussão, violão 7 cordas, é uma escola brasileira, que era muito forte um tempo atrás, anos 40 e 50 e depois ficou um pouco esquecida com a bossa nova, depois ela deu uma sumida, e agora esta voltando. Eu recebi a revista Guitar Player, essa revista brasileira, tem lá, 20 ou 30 lições de choro para guitarristas, isso não existe, há um tempo isso não existia entendeu, choro para guitarristas, quer dizer, os caras estão descobrindo uma maneira, e no choro a estrutura é outra mesmo, no choro não tem a improvisação nesse sentido, tem muito mais uma improvisação sobre a melodia, você pode fazer uma variação na maneira de tocar a melodia, mesmo no Rio Janeiro, que eu acho que é mais desenvolvido em termos de choro do que São Paulo, ainda que seja um choro moderno, vamos chamar assim, com harmonias mais modernas, eles são fieis à estrutura ainda, e nesse sentido é bem diferente de um grupo que toca jazz brasileiro, o brazilian jazz como eles chamam. Agora o disco que acabou de sair do Cesar Camargo Mariano e Romero Lubambo, é do cassete, mas é uma reedição do Samambaia, é aquilo mesmo, é bonito, você vê os dois, um faz a melodia, às vezes dobra a melodia, mais melodia improvisação, primeira música, a segunda, melodia improvisação melodia. Muda só a ordem de quem faz o quê. Então você ouve o disco inteiro é lindo, é bem tocado e tal, mas o disco é meio retilíneo, eu tenho uma escola diferente, eu acho que música tem que ter primeira parte, segunda parte, dinâmica, uníssono, vozes, eu penso mais pela escola do violão, é diferente da escola do jazz, talvez pelo instrumento, a maneira de pensar é a música mesmo, a improvisação é um detalhe importante mas não é o máximo, você não vai no show para ver os solistas, a idéia é que você observe a peça como um todo, a música como um todo.
Eu: Mesmo assim tem improvisação. 
CA: Exatamente.
Eu: Uma coisa que eu achei legal no disco é que você passa por várias sonoridades, às vezes lembra a Espanha, às vezes lembra o Rio de Janeiro, às vezes lembra certos países da África.
CA: Se você ouvir o novo disco que eu fiz agora você vai entender isso melhor ainda, é exatamente isso, você ouve a primeira música e fala: isso é Brasil, a segunda já te leva pro Recife, a terceira te leva pra África, a quarta para o Oriente, a idéia é essa mas não é proposital no sentido de uma radiografia do mundo, a idéia é essa porque a minha cabeça é assim mesmo, cabeça de quem compõe …
Eu: São as suas influências.
CA: Eu tenho um programa de música do mundo também na rádio Brasil 2000, toda segunda feira à meia-noite, se você ouvir vai ver, então eu ouço muita coisa de fora do Brasil também, antes era terça e passou para segunda, é um programa diferente da rádio que tem uma linha mais voltada pro rock, e o programa é, depois eu te mostro...
Eu: Hoje em dia tem várias rádios com esse tipo de programa, a Rádio USP tem, a Cultura também tem.
CA: Tem, é a Magda que faz de sábado e domingo, da Cultura é quarta meia noite, e o meu segunda, são programas diferentes, pelo que eu ouço, esse da quarta feira é muito bonito também só que ele é mais didático mais introspectivo, a pessoa fala mais, o meu é mais musical, não tenho tanta preocupação em explicar tudo o que acontece, eu deixo o cara escutar a música, minha idéia é mais que as pessoas ouçam músicas diferentes, depois se eles quiserem ir atrás eles pesquisam.
Eu: E esse acervo é seu ou é da rádio?
CA: É meu, tudo meu, meu e de convidados, esta semana eu estou levando um amigo meu brasileiro que morou na África 4 anos, então os caras me procuram, eu procuro eles.
Eu: Toca ao vivo também?
CA: Às vezes toca, já veio um grupo da Romênia, uma italiana, normalmente eu toco ao vivo quem não é daqui, ou seja, quem é mais difícil de vir aqui, mas o programa é legal.
Eu: O que você toca no programa é o mundial sem restrições, ou aqueles desconhecidos, com edições.
CA: Não, eu toco coisas do mundo mas também do Brasil, a minha idéia é mostrar por exemplo, agora eu vou fazer um programa dedicado à questão da guerra, também pode ser temático, como por exemplo, “ilhas do mundo” sons que vem de Ilhas, Cuba, Madagascar, Cabo Verde, ponho tudo junto e fica temático, ou então pianos do mundo, pego um americano, um cara do Mali tocando piano, ponho cantos, técnicas vocais, outro dia eu fiz um programa que eu comprei um disco lá na Espanha só de música dos países escandinavos. Eu escolho os discos que eu gosto, eu não tenho preocupação em ensinar coisas, não é um programa de world music, é um programa de músicas do mundo, é diferente (risos), world music é um rótulo e músicas do mundo não, pode entrar o Duo Assad ou a música dos Pigmeus isso é coisa do mundo. Esse rótulo é uma necessidade do mercado em classificar coisas que não são classificáveis, e isso acontece com o meu
disco, voltando ao assunto, meu disco não tem rótulo, é difícil você rotular o disco. É música instrumental? É. Mas é que tipo de música instrumental? Quando perguntam que tipo de música você faz, eu respondo: não sei. Ontem vieram perguntar pra mim se eu tinha influência do Sul do Brasil, eu tenho, toquei no grupo Tarancón muitos anos, que na época era um grupo famoso de música latino americana, música andina, mas e daí? Se você escuta o Tarancón e o meu som são coisas completamente diferentes, mas tem influência.
Eu: Mas não dá para classificar num gênero?
CA: Não dá, e esse disco novo então…
Eu: Essa coisa do rótulo é engraçada, você falou do Brazilian Jazz, que é um dos rótulos utilizados lá fora…
CA: É muito difícil porque na verdade a sociedade toda é catalogada, todos nos somos catalogados, então de alguma forma, você precisa catalogar o mundo, então na hora de você compor, quem trabalha com música instrumental, você fala foda-se isso, isso não é o mais importante, o importante é o som. Quando você conversa com um cantor, por exemplo, o cara fala: você precisa ter uma linha. E aí pronto, chapa! Não dá pra você cantar um rótulo sem homogeneizar, parece que isso é importante para vender. Quando você faz um trabalho autoral, de composições próprias, a única coerência que tem é você, o compositor, ele é coerente porque é ele mesmo, você não fala: com essa cabeça eu faço isso, depois troca a cabeça e faz outra música. 
Eu: Quer dizer, não dá pra esconder o que você mesmo é.
CA: De jeito nenhum! 
Eu: E transparece bastante, um pouco pensando nessa sua coleção de 2000 discos, e o seu trabalho, que tem as mais variadas influências, faz muito mais sentido do que você pegar o disco na prateleira e falar: isso não se encaixa em nada.
CA: Agora esta acontecendo lá fora, já que você falou lá fora, lá que é importante, a música brasileira lá fora, esta começando a... a gente faz bastante shows fora do Brasil, com essa formação é interessante porque o cara está acostumado a ouvir samba e bossa nova como música do Brasil, e de repente ele começa a ter outra conotação com esse trabalho que eu estou fazendo, ele fala: puxa mas isso é música brasileira, que legal, também tem isso. Ou seja, você abre espaço maior, porque ou só tem samba e bossa nova ou só tem remix de bossa nova, que é o que mais se faz hoje. Hoje no Brasil, eu tenho várias coletâneas, é tudo remix, bem produzido, como é o caso da Bebel e Gilberto, mas é como se isso fosse a música brasileira de hoje, isso é música brasileira de exportação, ou seja, bossa nova com outra cara, coisa que não acontece no Brasil. Lá fora eles não conhecem a produção brasileira. Pega a Rosa Passos, que é uma bossa nova contemporânea, eles não ouvem do mesmo jeito, lá fora predomina a ignorância com a música brasileira. Agora se você vai e mostra sons diferentes, a bossa nova é um gênero, o Brasil tem trezentos mil, é só um gênero que ficou mais conhecido porque é uma música legal, mas também tem um negócio de mídia, foram os americanos que lançaram a bossa nova...
Eu: E você acha que o Midem ajuda a mostrar um pouco desse Brasil?
CA: Ajuda sim. O Midem foi legal nesse sentido, todas as gravadoras fizeram um resumo do que têm para levar um catálogo legal, eu acho que deu uma boa visão da música brasileira.
Eu: E mostra o interesse deles também pela Música Brasileira em tentar descobrir esses produtos que também interessam.
CA: É muito louco, a diferença entre o Brasil real e o Brasil virtual. O cara que vem aqui e liga o rádio, fica desesperado, ele só ouve merda o tempo todo, o Brasil tem muita coisa legal, mas não toca, é só vaquinha, a eguinha pocotó, é Kelly Key, é um negócio sério isso, eu estou em uma rádio eu sei, lá a programação é chata, é ruim, eles estão num beco sem saída.
Eu: Vamos retomar, eu gostaria que você falasse sobre o seu início, como começou, o que você tocava nesse início, com quem estudou etc.
CA: Eu comecei, bom primeiro deve ter um lance de família genético mesmo, mas foi na escola primária que eu acabei tocando bumbo na banda da escola, eu fazia a marcação e todo mundo falava: puxa vida como você faz direitinho, eu era pequeno, tinha 6 ou 7 anos de idade pegava aquele baita bumbão, e o pessoal falava que eu era filho de maestro, porque a musicalidade é uma coisa que você vem com ela e vai desenvolver, mas a musicalidade está lá, tem gente que tem mais e gente que tem menos, aí eu percebi que como todo mundo falava: ele é filho de maestro, então eu comecei a estudar violão com 8 anos de idade.
Eu: Seu pai era maestro?
CA: Não! Perguntavam na escola se eu era filho de maestro porque eu tinha facilidade com música.
Eu: Mas tem músicos na família?
CA: Tem, da parte da minha mãe tem muitos músicos de orquestra, a família da minha avó, por parte de mãe, é toda de músicos. Eram italianos, a parte italiana da família é tudo músico e aí eu estudei, fiz violão popular, um pouco de percussão, criava instrumentos, fazia garrafas afinadas com água, e com 17 anos eu fui estudar violão clássico com o Edelton Gloeden e também comecei a dar aula de violão popular na mesma escola que eu tinha aulas com ele, aí eu fiz a Fundação das Artes de São Caetano, na época era uma escola bem legal, era uma referência, ou você estudava na ECA e fazia música erudita, ou se você queria estudar música popular era na Fundação. Eu sempre estudei muito compondo, eu sou meio autodidata no violão porque eu acabei estudando através das minhas composições, dos meus estudos, eu não tenho uma escola rígida de violão, eu aprendi a fazer sozinho, eu nunca fiz aula de composição, arranjo, eu nunca fiz cursos dessas coisas.
Eu: Mas o erudito e o popular sempre caminharam juntos?
CA: É isso que eu estou dizendo, sempre juntos. No popular coisas que eram minhas referências eram Villa-Lobos, Egberto Gismonti, com certeza eu tenho tesão pela
fronteiras, pela mistura do popular com o erudito, embora eu tenha um pé no popular como Radamés Gnatalli, são coisas que eu ouço e gosto muito, são brasileiros com um pé na música erudita, mesmo quando eu trabalho com músicas do mundo eu tento ter essa preocupação. Nesse disco novo eu explorei mais isso, eu usei mais cordas, sopro fazendo função de cama.
Eu: E é você que escreve todos os arranjos?
CA: A maioria sim, de sopro eu escrevi alguns, mas a maioria foi o Marcelo Gomes que escreveu.
Eu: Autodidata?
CA: Pois é. Inclusive você percebe isso porque quando você vê os arranjos que eu faço eles são muito particulares, singulares, você pode gostar ou não, eu não fiz escola, eu vou pela harmonia, ficar pesquisando, acho isso uma coisa muito rica no Brasil, isso faz com que os arranjos fiquem com essa cara, explorando as dissonâncias.
Eu: Você está gravando um disco agora. Como você vê o cenário da indústria fonográfica em relação às independentes?
CA: Olha essa questão é complicada, tem duas coisas: ficou muito fácil fazer disco, agora a dificuldade é para se distribuir. Quando eu digo fácil é porque você pode fazer um disco caseiro, com um Pro Tools, um bom microfone, pronto. Agora o problema, mesmo que você faça um disco de qualidade, com bons músicos, masteriza, tudo certo, o problema começa aí, como é que você veicula isso, como é que você vai distribuir isso. Porque você tem as pequenas gravadoras independentes e tem as grandes gravadoras, a questão não é como distribuir mas como fazer esse disco tocar, você precisas fazer shows, que é difícil, na rádio é mais difícil ainda porque é tudo Jabá [propina que se paga para ter sua música veiculada pelo rádio], que dizer não é mais jabá, é um preço porque é um produto. Eu quero vender meu produto como faz, paga e vende. É institucional, isso ficou muito difícil para uma gravadora independente que não tem essa possibilidade e pro músico então pior ainda. No meu caso tem uma gravadora que está bancando meu disco, com um assessoria de imprenssa, distribuição, é pequeno, tudo muito artesanal, mas é melhor que estar sozinho, mas eu acho que a relação entre a grande gravadora, a pequena e o artista é a mesma que se dá entre a indústria, o supermercado e venda na esquina. A tendência da venda da esquina é fechar.
Eu: Mas agente vê ao mesmo tempo um movimento do pessoal se unindo para conseguir enfrentar isso.
CA: É isso aí. Dez armazéns juntos podem se juntar para peitar. Eu tenho medo disso, eu acho que pode ser legal, mas eles tomam como referência as grandes gravadoras, eu acho isso um erro, a gravadora independente deve pensar como gravadora independente, tem que atuar em outros mercados, não tem que ter a lógica da grande gravadora, tem que saber que é preciso investir mais no artista e não só nos discos, porque como se vende discos, fazendo com que o cara faça shows, a gravadora teria que ser uma produtora, uma manager do artista, mas o problema é que ninguém faz isso.
Eu: Quer dizer gerar além do produto CD, gerar também o produto “ao vivo”.
CA: Se uma indústria faz uma pasta de dente ela não vai colocar essa pasta em todo o Brasil? Então é a mesma coisa. Por exemplo, faço um show fora do Brasil, vendo bastante discos mas se eu tivesse apoio de uma gravadora eu faria muito mais coisa. O problema da pequena gravadora é que ela investe na hora da gravação, ou licencia o disco e depois esquece, é meio como se tivesse um restaurante com um cardápio bastante grande, mas não tivesse preocupação com a qualidade daquela comida (…).
Eu: Talvez um processo de amadurecimento, de aprender a lidar mais com o mercado.
CA: É, e também tem que depurar mais, a independente não pode pegar qualquer artista, eu acho, tem que ter critérios mesmo, tem que pensar como gente grande mesmo, em todos os sentidos, menos artista e mais qualidade, e mais preocupação com os artistas, se eu fosse montar uma gravadora eu faria isso, poucos artistas, com investimento em todo o processo, do início da gravação até os shows, aí sim. Mas é diferente, eu teria uma gravadora e uma produtora juntas, aí tem como avaliar se o artista é legal ou não.
Eu: E também você tem o controle de todo o processo.
CA: Exatamente, todo o processo. Imagina se tivesse um vendedor que tivesse todo o conhecimento do trabalho, que ouve, sabe opinar, na hora que ele vai vender o disco é muito melhor, ele sabe. A idéia é ousada, mas é uma forma, eu não vi ninguém fazer isso ainda.
Eu: Eu queria que você falasse de seu método de estudo?
CA: Tem fases, às vezes eu quero estudar 5, 6 horas por dia, ou músicas, escalas, exercício de dedo, arpejos eu gosto muito, talvez a coisa que eu mais estude seja arpejos, e tem fases que eu não gosto de estudar, às vezes eu fico 15 dias sem pegar no instrumento e tem fazes como agora que eu fiquei um ano estudando as minhas músicas que ia gravar, tocando estudando meu trabalho, eu gosto de desafio, eu estudo em função de uma coisa prática, por exemplo, agora tem uma proposta de fazer um disco só de viola, pode ser que entre no estúdio daqui um mês de novo, aí eu vou pegar a viola 5 horas por dia, aí você vai me ver tocando todas as possibilidades, daqui pra frente eu pretendo gravar um disco por ano e a minha maneira de estudar vai ser isso, com desafios, pegar um clássico, um Villa-Lobos, fazer uma transcrição de uma coisa
para a viola, e tem épocas que estudo só por estudar. Varia muito, eu não sei te dizer, eu não tenho essa disciplina. Outra coisa, tem épocas que você trabalha por empreitada, no final do ano eu estava trabalhando no meu disco mas peguei cinco arranjos para fazer, para entregar. Agora estou numa fase que estou tocando menos porque estou mixando o disco, tem que ouvir mais. Agora é impressionante quando você está tocando todo dia, ou em um evento, na noite, é impressionante como desenvolve o lado instrumentista, tem que estudar todo dia mesmo. Mas o que inviabiliza estudar todo dia é que eu faço a minha produção, sou eu que faço tudo, é muito duro. Por outro lado, encontrar gente, produtores que queiram trabalhar com música instrumental, é dificílimo, não tem ninguém porque não é lucro imediato e tem pouca gente preparada para isso. Uma coisa é vender cantor, outra coisa é vender música instrumental, tem que ter uma perseverança maior, essa é a maior dificuldade que agente tem com a música instrumental. Pode ver 80% não tem produtora, é o cara mesmo que tem que ir atrás e isso é muito chato e muito ruim porque enquanto você está fazendo isso você poderia estar compondo arranjando, estudando, mas faz parte, aprendi a lidar, antes eu tinha mais conflito com isso, agora aprendi a lidar. Isso é uma característica nova e interessante do músico contemporâneo, não dá pro sujeito só estudar, se ele quiser ter uma carreira, se lançar no mercado como solista, ele vai ter que se sujeitar, se ele quiser ser um solista, um band leader, ele vai ter que ter dois trabalhos, fazer projetos, se lançar, se ele só estudar, ele vai ser um bom músico, bom prestador de serviço, mas se ele quiser ser um bom músico e se lançar para uma carreira ele tem que ter essa dupla profissão. Tem que saber se vender.

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