Em entrevista concedida em 17/05/2003, Benjamim Taubkin fala do início de sua carreira na música, da vida de instrumentista, da Núcleo Contemporâneo, sua experiência de composição, mercado da música instrumental e outras cositas más... Neste excerto da entrevista encontramos uma pequena amostra da clarividência deste músico e produtor falando sobre suas composições e visão de identidade nacional representada na música da Orquestra Popular de Câmara:
Eu: E como é para você compor para a Orquestra Popular de Câmara?
BT: Pra mim é o máximo porque primeiro, eu pensei no som, eu adoro a experiência da orquestra e acho que todos nós adoramos, estamos juntos todos esses anos por pura paixão dos músicos, e ela não pesa para ninguém, ela é leve pra todo mundo, porque a gente adora tocar, a gente se diverte, a gente sabe que está fazendo música, a gente sabe que está falando do nosso país num momento específico, mas com um olhar amoroso então todas essas experiências são muito boas e é onde todas as pessoas estão com seu
universo representado. O Ari [Colares] é o Ari, não é um músico prestando um serviço num grupo substituível, se pôr outra pessoa é outro som, a orquestra é o exercício da criação coletiva, do respeito à individualidade e ao mesmo tempo respeito ao espaço, tem muita disciplina na orquestra para se chegar a essa liberdade, para não virar uma zona, mas a disciplina é de tal forma que todos caibam e que todos se escutam, esse é o desejo.
Eu: A impressão que a gente tem é que passam muitos brasis naquele palco...
BT: Esses vários brasis que passam no palco, no fundo fazem sentido pra gente, eu não quero macaquear uma coisa, ou ser também mais simples do que sou, não dá, eu quero que seja inteiro e acho que todos querem isso lá, não pode ser nem mais complicado nem mais simples porque seria falso, eu não moro no meio do sertão, não é verdade isso para mim, eu tenho toda a influência que eu tenho, eu ouvi desde o Tom Jobim, a Ella Fitzgerald, Herbie Hancock, Schumann, Schubert, pra mim está ali também, junto com bumba-meu-boi, com congada, junto com música árabe, indiana, esse é o meu mundo, e eu quero poder fazer sem restrição se pra mim faz sentido.
Eu: E é muito claro isso para todos da orquestra?
BT: Acho que sim porque ninguém é cerceado em nada ali a não ser, por exemplo, percussão está tocando muito alto, não está dando para ouvir o resto. São questões musicais para que todos possam se ouvir e para que se faça música junto, agora que a música vai sair, está na mão de todos.
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