A Música Popular Instrumental Brasileira apresenta uma versão de Brasil que abarca diversos ritmos e estilos. O que é estrangeiro também é “legitimamente” brasileiro, na mais autêntica tradição antropofágica. A MPIB expõe diferentes formas de articular questões técnicas provenientes do jazz e de outros gêneros, com os ritmos e melodias brasileiras, ibéricas, africanas e indígenas. Esta, pode-se dizer, é uma das especificidades da MPIB.
O gênero pode ser pensado como uma corda trançada formada por diversas linhas. Os elementos que caracterizam tais linhas são aspectos musicais que agenciam o “diálogo” entre sonoridades diferentes. Pode-se pensar numa “universalização das linguagens” e numa ruptura com rótulos mercadológicos. Dessa maneira a MPIB representa sonoridades diferentes e incorpora elementos relegados pela própria Música Popular Brasileira.
Nesta perspectiva, o tocar fornece um comentário sobre o cotidiano. Uma apresentação musical é um acontecimento humano no qual se cruzam os limites entre o estabelecido e o não-estabelecido. O repertório da MPIB pode ser entendido como “narrativas musicais” que revelam dramas estéticos no interior dos quais se configuram as relações entre experiência e expressão. Narrativas que revelam através da linguagem musical um comentário reflexivo sobre a paisagem sonora brasileira, uma meta-sonoridade.
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